quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um novo olhar sobre saúde e doença





O Capítulo IX Atos de Saúde:Tratamento, Cura e Conceitos Correlatos que é o nosso texto-base, nos traz um novo olhar sobre o conceito de cura e traz uma cronologia de fatos históricos que de certa forma implicam em questões éticas e morais do cuidado. No conceito hipocrático de cura-cuidado, percebe-se que além da dimensão biológica, existem outras dimensões que dizem respeito ao SER HUMANO, entre elas a psíquico-afetiva e espiritual.

Em vários momentos Foucault dialoga com Canguilhem quando diz que "[...] assim como a doença está inscrita no interior das virtualidades fisiológicas normais, a possibilidade da cura está inscrita no interior dos processos da doença".Ou seja, existe uma relação entre o normal e o patológico e no campo da saúde mental é visível.A saúde e doença se interpenetram e  a saúde pode ser tomada como conceito.



Dentre os conceitos correlatos( remissão, recuperação, reabilitação, compensação e estabilização) que foram abordados no capítulo, acrescento a noção de neutralidade benevolente, que envolve a problemática da cura.Onde a neutralidade diz respeito as necessidades e os desejos do outro e a a beneficência refere-se ao dever de ajudar aos outros, de fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Reconhecer o valor moral do da pessoa humana, considerando que o ato de maximizar o bem do outro, simultaneamente inviabiliza os riscos potenciais.


Na saúde mental, faz-se necessário, valorizar tanto a qualidade psíquica, ou seja, a consciência que o paciente tem sobre a doença quanto a estrutura do mundo patológico. Percebe-se a importância da contribuição de outros profissionais nessa discussão, bem como, resgatar as diferentes práticas de cura existentes ao longo da história brasileira, como exemplo, curandeiros, boticários, cirurgiões-barbeiros e parteiras. A terapêutica religiosa constitui assim uma das alternativas de cura, cuja adesão por parte de seus seguidores é influenciada, entre outros fatores, por experiências individuais ou coletivas.




Enfermeira Laudicéia da Paixão Santos

Uma visão sucinta e particular baseado na temática “Atos de saúde


O estudo sobre a temática “Atos de saúde” serviu de base para reflexão dos elementos envolvidos no processo de saúde doença. A abordagem sobre cura e conceitos correlatos me fez repensar sobre os modos de enfrentamento das enfermidades; rediscutir os modos de se produzir saúde, dentre tantos outros saberes entendidos de forma equívocas ou insuficientes na ciência da saúde.

O texto aborda bastante sobre os sentidos da cura nas varias representações sócias, critica a base do seu conceito para o senso comum, e embora não defina claramente o sentido da cura, fiquei com a idéia de controle ou eliminação da patologia. Ligado ao aspecto da importância do cuidado, atenção e assistência na trajetória do tratamento. O que mais me chamou a atenção foi à abordagem do sentido da cura num campo onde suas perspectivas são quase nulas... O campo da saúde mental. Isso abriu um espaço para que eu pudesse repensar sobre os mecanismos envolvidos no processo de adoecimento em termos psicológicos. Numa intriga de que estamos falando de pacientes que fisicamente e em termos orgânicos e fisiológicos podem apresentar- se normais, mas com seu psicológico abalado ou desregulado. Uma brecha para falar sobre o principio da integralidade e abordagem holística do cuidado.

Às vezes cheguei até fazer confusão me questionando sobre o termo saúde mental. Pois caia na contradição do conceito de que talvez não pudesse existir essa tal saúde, uma vez que a cura não fosse possível, mas logo me lembrei de uma abordagem feita em sala pelo professor Naomar, que dizia: haja visto pessoas que se intitulem estando com saúde, embora  apresente alguma patologia e vice versa.

Entendida a proposta dos autores, em falar sobre saúde mental, pela sua formação e resgate da pesquisa etnográfica aplicada em dado momento. A minha critica é justamente nesse sentido, pois se falou muito sobre cura, remissão, estabilização em termos psicóticos, abordando pouco sobre seus outros correlatos: atenção, cuidado, assistência, tratamento, também tão importante principalmente para patologias que se dizem fora de perspectivas terapêuticas, reconhecendo o importante significado das ações de cuidar para nós da área de enfermagem.
Joseane borges Nunes
Enfermeira.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A construção coletiva que ampliou nossa concepção de saúde


     
     Após meses na disciplina e se dedicando a criação desse blog, sinto que é importante abrir espaço para compartilhar de que modo esse coletivo ampliou nossas concepções sobre saúde e de que modo essa construção chegou para cada um de nós.
Para mim, a experiência de estar neste grupo foi muito rica e ajudou a estar na disciplina de uma maneira mais inteira. Entrei no grupo pouco tempo depois que a equipe estava formada, mas demorei um pouco a me ambientar à lógica de construção de um blog. Fiquei no início um pouco receosa com o número de pessoas no grupo, mas com o passar do tempo percebi que essa foi uma maneira natural e maravilhosa de realmente conhecer as pessoas. Além disso, com dedicação foi possível superar as barreira e em conjunto transformamos uma aparente dificuldade em recurso, por meio da participação rica de profissionais de áreas variadas no campo da saúde.
Em nossas reuniões semanais antes da aula pudemos ir nos aproximando, trocando idéias, ouvindo com respeito e encontrando um espaço que favoreceu a expressão. Agradeço a cada um de vocês e em especial a Dalva, que não só deu o primeiro passo na construção do blog, mas que com sua iniciativa e criatividade também exerceu papel importante na monitoria do trabalho. Então colegas... as portas estão abertas!!! É só entrar e postar seu comentário sobre essa experiência.

Grande abraço, Luane
Monitora


A cura na perspectiva Psicanalítica...


A análise produz efeitos de diminuição, e até de desaparecimento do sofrimento do paciente, no que tange, aos efeitos curativos da análise. Cabe ao analista ‘esperar’ uma melhora nas posições subjetivas e objetivas do analisando. De acordo com Nasio (1999) a cura não é um conceito, nem um objetivo, e nem mesmo um critério, o que equivale a não ceder diante da influência do modelo médico, discordando assim da primeira frase citada que trás uma ‘fórmula’ para o conceito cura.

A cura no analisando


Lacan (1974) coloca que "a cura é uma demanda que parte da voz do sofredor, de alguém que sofre por seu próprio corpo ou por seu pensamento". Faz-se indispensável que o analisando se queixe dos seus sintomas e aspire á cura. Onde essa demanda está revestida por uma transferência.

"A partir do momento em que os médicos reconheceram claramente a importância do estado psíquico na cura, tiveram a idéia de não deixar mais ao doente o cuidado de decidir o grau da sua disponibilidade psíquica, mas, pelo contrário, arrancar-lhe deliberadamente o estado psíquico favorável, graças a meios apropriados. É com essa tentativa que se inicia o tratamento psíquico "moderno" (FREUD, 1890).

O que mais pra frente Lacan irá entender como "retificação subjetiva".

A relação do psicanalista com a cura

Opondo-se a visão do médico que quer suprimir os sintomas, o psicanalista irá fazer uso dos mesmos como uma via de entrada indireta, a fim de trabalhar para dissipar a dor penosa e inconsciente. Pois, fazer desaparecer os sintomas é simplesmente fazer com que os sonhos desaparecessem com que as vozes inconscientes se calassem.


O trecho postado apresenta outra visão para o tema abordado em aula, e no texto base discutido – e que faz parte dos “atos de saúde” proporcionando aos leitores uma aproximação com outras ‘correntes’. É relevante aqui pontuar que ambos acabam por demarcar que a cura é um conceito singular para o sujeito, e que equipes de saúde precisam mudar o seu olhar perante a problemática em questão. No entanto, precisamos ter cautela ao discutir esse construto que compreende noções empregadas para designar práticas de saúde em geral, como: ‘atenção’, ‘assistência’, ‘cuidado’, ‘intervenção’, ‘tratamento’ e ‘cura’ na perspectiva teórica apresentada.

REFERÊNCIA:

Nasio, Juan-David. Como trabalha um psicanalista? – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES:

Cf. "Psychanalyse et guérison", documento da jornada de estudos de outubro de 1987 da Escola Propedêutica do Conhecimento do Inconsciente (publicação interna).

Freud, "Traitement psychique (traitement d’âmer)" (1890), in Résultats, idées, problems, op.cit., p.12.

J. Lacan, Télevision, Paris, Seuil, 1974, p.17.


Manuela Lordão
Psicóloga

A cura



“Apesar de tudo, a cura sempre tem um caráter de benefício [bien-fait] por acréscimo – como afirmei, para escândalo de alguns – mas o mecanismo (da análise) não é orientado para a cura como finalidade. Não digo nada que Freud já não tenha formulado poderosamente: toda inflexão em direção à cura como finalidade – fazendo da análise um meio puro e simples para um fim preciso – dá algo que estaria ligado ao meio mais curto e que só pode falsear a análise”.

A respectiva citação assume uma conduta de complementariedade do tema que implica desconstruir a perspectiva biomédica segundo a qual a medicina seria suposta detentora de uma verdade absoluta sobre a doença e os princípios curativos. E vai um pouco além de conceituações, como:

"Curar é criar para si novas normas de vida, às vezes superiores às antigas".


"A idéia de uma cura que não significa retorno à normalidade parece extremamente fértil. Afinal, a experiência de adoecimento sempre constitui um marco (positivo ou negativo) na história de vida de qualquer sujeito".


REFERÊNCIA:

J. Lacan, intervenção na sessão de 5 de fevereiro de 1952 da Sociedade Francesa de Psicanálise: “Le rendez-vous avec le psychanalyste”, in La Psychanalyse, nº4, Les psychoses, PUF, 1958, p.309.

Manuela Lordão
Psicóloga

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mais uma visão a respeito de doença

        Quando nos propomos a discutir sobre os conceitos do processo de saúde e doença percebe-se que o assunto é vasto assim como nossas concepções e nossa cultura. Desta forma sempre podemos contribuir  com algo mais. Em mais uma leitura rápida encontrei a definição dada por Rezende e Drummond 2008, sobre a noção de doença:

 
          A noção de doença/desvio é determinada historicamente e, também, definida e diferenciada no contexto sociocultural. O modelo manicomial, que delegou ao hospital psiquiátrico e aos médicos a função de “tratamento” dos doentes mentais, foi construído, no mundo ocidental, durante, pelo menos, duzentos anos e uma redefinição do que seja “doença mental”, iluminada por novas concepções teóricas e práticas, não poderá ser realizada sem outra forma de compreensão dessa noção, que, como qualquer outra mudança social, é processual e, frequentemente, lenta.



Intervenções da Terapia Ocupacional/Adriana de frança Drummond, Márcia Bastos Rezende,(Organizadoras)-Belo Horizonte; Editora UFMG, 2008.


Cibele Nascimento dos Santos-Terapeuta Ocupacional

Cura....Pensando no indivíduo.

Concordo com vocês Caroline e Joankley, quando mencionam da importância dos profissionais de saúde terem conhecimento do histórico de vida de cada paciente, o que pode possibilitar a facilitação dos processos de cura das doenças, pois muitos processos patológicos estão associados as questões psicológicas e isso implica em conhecer a particularidade de cada indivíduo.

Fabricio Soares
Biólogo